A última edição (nº49) da revista “Sound On Sound” nos brindou com uma interessantíssima matéria sobre um dos mais lendários e cobiçados instrumentos musicais de todos os tempos, o Moog Modular, um sintetizador analógico, que tanto ficou conhecido nas mãos mágicas de Keith Emerson, o “E” do "Emerson, Lake & Palmer".
Essa história de amor de Keith Emerson e de seu Moog começa no ano de 1968, ainda no tempo do “The Nice”, quando em uma loja de discos no Soho, foi reconhecido e abordado pelo gerente da loja que perguntou se ele havia escutado um determinado álbum e o colocou para que Keith o escutasse e a reação dele foi imediata, “Que diabos é isso??”.
Bem, o álbum em sua capa, mostrava um enorme equipamento eletrônico ao fundo, repleto de botões, chaves e cabos, uma verdadeira loucura, que incendiou a cabeça de Keith Emerson, pois a partir daquele momento, era aquele sintetizador Moog Modular que faltava para ele poder mostrar ao mundo o que ele seria capaz de fazer, pois o encanto foi instantâneo ao escutar o álbum, “Switched On Bach” de Walter Carlos.
Daí para diante, sua busca frenética pelo equipamento foi incessante, pois de imediato ele contatou, Mike Vickers, tecladista da Manfred Mann Band, pois ele havia sido um dos primeiros músicos da Inglaterra a adquirir um Moog, que acabou por ser emprestado para Keith Emerson utilizá-lo em uma apresentação no Royal Festival Hall.
Eles tocaram um trecho de “2001 Uma Odisseia no Espaço”, mais precisamente a música, “Thus Spoke Zarathustra” e a impressão que ele tinha naquele momento é que as pessoas na plateia estavam achando que o som proveniente era possivelmente oriundo de fitas pré-gravadas e não de sua apresentação, pois a performance de Keith Emerson e do equipamento estavam perfeitas.
Não satisfeito, ele escreveu uma carta para Bob Moog, na esperança de conseguir um sintetizador deste tipo de graça, levando-se em conta que ele já tinha algum reconhecimento internacional por seu trabalho junto ao “The Nice” e que naquele momento, agora no ano de 1970, ele estava montando o ELP e que sua promessa era que ele ia poder divulgar e falar bem do equipamento.
Robert Moog e Keith Emerson com o sistema modular no Rich Stadium em Buffalo, 1974 |
Eu chego à conclusão que nem Bob Moog poderia imaginar o potencial e do que seu equipamento seria capaz de fazer nas mãos certas, pois conta-se que ele respondeu a carta de Keith Emerson, dizendo que seus sintetizadores eram complexos equipamentos para estúdios e que sua utilização em shows era totalmente inadequada, coisa que o tempo se encarregou de mostrar que ele estava totalmente enganado quanto ao seu conceito.
Os Beatles e os Rolling Stones compraram os seus sintetizadores (essa eu não sabia), portanto o ELP poderia ter o seu também, coisa que acabou acontecendo por intermédio de um representante de vendas da Costa Leste Americana da Moog, chamado Walter Sear que enviou um sintetizador que já havia sido utilizado em um show chamado “Jazz In The Garden”, sem nenhuma documentação de como montá-lo ou configurá-lo, o que obrigou a Keith Emerson mais uma vez procurar seu amigo, Mike Vickers que o montou e fez as primeiras configurações do novo “brinquedinho” de Keith Emerson, uma vez que não havia assistência técnica disponível da Moog na Europa por ser raro a venda do equipamento fora do território americano.
Meus amigos, este é apenas um ínfimo episódio de tantos outros das histórias que envolve este fabuloso instrumento musical que teve seus anos de ouro na década de setenta, sendo praticamente extinto na década de oitenta, porém ganhando um novo sopro de vida no início dos anos noventa, quando o ELP novamente se reuniu para uma turnê e a gravação do álbum, Black Moon.
Agora o legendário sintetizador analógico de Keith Emerson não só foi restaurado, como também foi literalmente clonado com todos os "presets" criados por Keith Emerson para marcar os cinquenta anos de existência da Moog, com seu sintetizador que é comparado a um violino “Stradivarius” por sua preciosidade e que carinhosamente foi rebatizado de “Emerson Moog Modular”.
Como havia dito anteriormente, apenas um fragmento muito pequeno dos acontecimentos que envolvem este equipamento foi exposta aqui, portanto eu sugiro a leitura completa da matéria desta revista, para um aprofundamento desta incrível história, muito bem contada pela “Sound On Sound”, pela bagatela de R$ 15,90 e que pode ser adquirida nas boas casas do ramo em papel ou em meio eletrônico e depois da leitura quem sabe você não se e interessa em adquiri-lo e para tanto, é só ter no bolso algo em torno de uns U$ 90.000, mais as taxas de frete e importação para trazê-lo definitivamente para a nossa Terra Brasilis.
Para dar um pouco de vida a essa história toda e entender o que se passou na cabeça de Keith Emerson em seu primeiro contato auditivo com seu futuro sintetizador, vamos disponibilizar um link para o álbum, “Switched On Bach” de Walter Carlos, que para não haver dúvidas, é uma mulher e atende pelo nome de Wendy Carlos.
O resultado de toda esta história poderá ser escutado no bootleg, “ELP - Live in Buffalo”, gravado em julho de 1974, no Rich Stadium, Orchard Park, Buffalo, NY, USA, praticamente uma "Avant-premiere" para o não menos legendário álbum, “Welcome Back My Friends to the Show That Never Ends... Ladies and Gentlemen, Emerson, Lake & Palmer” que seria lançado em agosto deste mesmo ano.
IMPERDÍVEL!!!!
Walter Carlos
ELP
6 comentários:
E tem gente que não gosta deste maravilhoso instrumento. Dizem que Tony Kaye é um deles. Moog é meu instrumento predileto.
Excelente matéria, com fatos desconhecidos para mim.
Outro moogman inesquecível= Manfred Mann.
Moog , um instrumento revolucionário, que nos faz voar. Instrumento superior até aos gelados sintetizadores polifônicos dos anos 80.
Abraço
Meu caro,
Se você ler a matéria na integra, ai sim, você vai se surpreender com as histórias que envolvem este equipamento... vale muito a pena esta leitura......
Eu acredito que os músicos que não gostam do Moog, são aqueles que não conseguem domá-lo... pois ele não é para qualquer um......
Valeu por sua participação....
Um grande abraço,
Gustavo
Sejamos razoáveis.Imparcialidade, por favor. Tony Banks não tocava moog, tocava sintetizadores Arp, que nada ficam a dever o moog.
Nada a ver. Tony Kaye, Vincent Crane,não eram chegados no moog. Jon Lord, com o tempo, optou pelo hammond organ..
Tony Banks tocava arp, que tinha uma sonoridade bem parecida com o moog.
Poucos se afastaram das tentações: moog, arp, mellotron...
Bons tempos, que nunca mais voltarão.
É isso aí, texto saudosista , que só merece aplausos.
Saddam, aquele que confronta
Muito bem lembrado sobre o Arp, pois eu tenho um emulador da Arturia com o Arp 2600V que uso combinado com um controlador da Yamaha, o KX25 e o som é maravilhoso.........
O Hammond é outra maravilha analógica dos anos setenta e que possui uma sonoridade única........
A rigor a reportagem poderia ter sido feita para qualquer dos instrumentos comentados, entretanto eu acredito que a figura carismática de Keith Emerson tenha puxado a brasa para o Moog, que independente qualquer coisa merece todas as homenagens....
Abraços a todos....
Gustavo
Para ser franco, pra mim, o som do moog e o do Arp são idênticos. Não consigo identificar um ou outro, a não ser pela ficha técnica que consta nos discos.
Vincent Crane e Tony Kaye não eram chegados em sintetizadores.
Já Keith Emerson não curtia o mellotron e seu alter ego Jurgen Fritz se comportava da mesma maneira. hehehe
Abraços
Saddam, aquele que confronta
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