sexta-feira, fevereiro 21, 2014

ILÚVATAR - "Children" - 1995

Agora bem recente, nosso amigo Luciano, frequentador deste blog, lançou uma pergunta no ar, que botou a moçada, inclusive eu, para queimar alguns neurônios para responder qual o país que ofereceu as melhores bandas de rock progressivo e logicamente a respostas foram as variadas o possível, pois depende da preferência de cada um independente da nacionalidade, mas o continente todo mundo acertou em cheio, pois só os países da Europa foram citados, mesmo porque o movimento musical começou por aquele continente, portanto nada mais justo a concentração de bandas.

Entretanto, existe vida musicalmente inteligente fora da Europa, portanto a proposta desta resenha é a de trazer uma banda fora do eixo europeu e eu imediatamente pensei nos caipiras progressivos do “Kansas”, mas esta banda é um ponto fora da curva, é excelente por natureza e já conta com o devido reconhecimento internacional, então, por que não pensar em algo mais alternativo como o “Ilúvatar”, uma banda tão americana quanto à anteriormente citada só que bem menos conhecida, mas que carrega um fortíssimo DNA progressivo em suas músicas.


Este blog teve o início das suas atividades em fevereiro de 2010 e em março deste mesmo ano eu postei um álbum do “Ilúvatar”, intitulado “Children”, mas só que nesta época a frequência do blog não passava de uns cinco acessos diários, então a resenha teve como resultado, um fracasso total, uma verdadeira lástima, não para o blog, mas sim para o álbum e para banda, que são muito bons, mas se perderam no deserto em que se encontrava este espaço.

“Ilúvatar” foi criado em Baltimore, Maryland, USA, em 1992, lançando quatro álbuns oficiais que são o “Ilúvatar” em 1993; “Children” em 1995, “Sideshow” em 1997 e finalmente em 1999 lançaram, “A Story Two Days Wide” completando a curta, mas excelente discografia, desta banda tardia, praticamente situando-se na terceira geração do rock progressivo ou como gostam de classificar, uma banda de Neoprog.

Apesar de contar com toda a discografia da banda, fiz questão de retornar ao álbum “Children”, por considera-lo um de seus melhores trabalhos, que merece ser conhecido e explorado, por conta de suas características progressivas em plena metade dos anos noventa, um verdadeiro ato de coragem e ousadia destes músicos.

Apenas para situar a banda no contexto musical da década de noventa, cabe lembrar que Neoprog nos USA em plena ascensão do movimento Grunge chega ser uma situação surreal para aquela época e por isso tenho a maior consideração e respeito pelo trabalho do  “Ilúvatar”.

A banda buscou na obra do Pink Floyd, Marillion, IQ, Pendragon, Yes e Genesis a inspiração para poder com muita personalidade e criatividade ter sua própria obra, que tem como marca registrada, belos arranjos e um vocal pitoresco, que muitos teorizam como “influenciado” por Peter Gabriel, mas honestamente não consigo fazer esta analogia, pois nem no modo de cantar e muito menos no tipo de timbre vocal eles se parecem.

Os arranjos são muito sofisticados e bem elaborados onde se nota claramente o dueto guitarra e teclados dando a tônica da essência da banda no modo de compor, que é feita de forma muito harmoniosa e equilibrada, proporcionando longos momentos viajantes que são quebrados por solos de guitarra e teclado que claramente mostram a vocação dos músicos, aliás, todos muito bons músicos.

As musicas deste álbum não soam monotônicas isoladamente e nem entre elas, o que por si é uma qualidade rara, pois em muitos casos é possível escutar alguns álbuns de bandas mais recentes que dão a impressão que só tem uma única música divida em atos, por serem muito repetitivas estruturalmente, mas isso talvez seja uma característica musical do início dos anos setenta que foi sendo suprimida ao longo das décadas seguintes por razões óbvias já exaustivamente discutidas.

Neste álbum, a formação da banda sofreu uma pequena alteração em relação ao álbum anterior com a saída de Mick Trimble e a entrada de Dean Morekas no baixo, permanecendo Gary Chambers na bateria, Glenn McLaughlin nos vocais e percussão, Dennis Mullin nas guitarras e Jim Rezek nos teclados. 

São apenas oito músicas neste álbum e apenas para pontuar, assim como fiz na primeira resenha, novamente elejo “The Final Stroke” como a música que mais me chamou atenção, portanto, fica o convite a todos para realizar uma interessante viagem musical na nave “Ilúvatar” rumo ao desconhecido.

ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!

Musicians:
Gary Chambers / drums, percussion, back vocals
Glenn McLaughlin / lead vocals, percussion
Dean Morekas / bass, back vocals
Dennis Mullin / guitars
Jim Rezek / keyboards

Tracks:
01. Haze (6:43)
02. In Our Lives (6:35)
03. Given Away (6;39)
04. Late Of Conscience (8:56)
05. Cracker (5:59)
06. Eye Next To Glass (4:56)
07. Your Darkest Hour (5:04)
08. The Final Stroke (12:29)

21 comentários:

Carlos Chacrinha disse...

Ai, ai, o Luciano vai ser papai!
Ilúvatar Children 1995? Vai pro trono ou não vai?
Afirmativo!
Ilúvatar é uma banda. Marillion, IQ, Pendragon,nem são bandas, são bundas, sem querer faltar ao respeito com as bundas, afinal , cada um tem a sua e faz o que quer dela.
Ilúvatar não é um relês imitador, vai mais além de influências.
Vcs querem bacalhau? Ou preferem chouriço?
Alô, alô Lucy, que tal votar aqui?
Vcs querem que eu morra?
Fora Marillion, IQ e Pendragon!

Aquele abraço, Gustavo!

Javanes disse...

Grande Gus, este som também não conhecia. Muito obrigado. Baixado e devidamente degustado. Sonzeira de primeira.

Brizola disse...

Só conheço o Sideshow. Vou conferir este, que suponho ser melhor ainda que o Sideshow.
Tenho uma dúvida a respeito do Sideshow= a faixa 8, última do cdm é uma melodia em andamento lento... de repente, há um silêncio , que dura próximo de seis minutos... depois, escutamos um som que parece ser outra melodia, com efeitos, diálogos.
Seu cd tbm é assim?

Gustavo Menezes disse...

Amigos,

Chacrinha, Java, Brizola,

O Ilúvatar tem um espaço garantido entre as bandas que eu mais gosto, pois mesmo tendo uma curtíssima discografia, soube externar sua vocação para o rock progressivo de forma definitiva......

Brizola, meu velho, você me deixou curioso com o seu relato, pois tem muito tempo que eu não escuto este álbum e para ajudar, não estou conseguindo localizá-lo...... vou morrer seco de tanta curiosidade!!!!! rsrsrsrssr

Um forte abraço a todos,

Gustavo

Ricardo disse...

Conheci alguns álbuns de estúdio e a compilação Sideshow. Este álbum não é oficial e contém apresentações de rádio, TV e algumas músicas de estúdio. A oitava música, Eye next to glass, tem duração de 5:40 min. O restante é ruído de gravação da TV.
Falando em grupos americanos, vocês conhecem o trabalho do grupo Mannheim Steamroller? Lançaram oito álbuns entre 1975 e 2000, os títulos são Fresh Air 1 @ 8, sendo que Fresh Air 8 foi lançado em 2000. Vale conferir. Abraços a todos

Brizola disse...

Ganhei o cd e perdi o contato com que me deu o presente. Cheguei a suspeitar que só ganhei o cd por ele estar com defeito, mas o Ricardo esclareceu tudo. Obrigado!

Obrigado Gustavo. Revelo que mesmo gostando de prog, minha banda predileta é o Uriah Heep. Mas, minha maior paixão é a política. Lamento de eu nada mais poder fazer pelo país, pois não tenho permissão de sair daqui de cima. Se eu estivesse vivendo no Brasil, pediria a renúncia da Dilma e seu partido, tão pernicioso à nação.
Fiquem bem!

Javanes disse...

Bom dia a todos,

Apenas para comentar que o vocalista do BMS faleceu... Veja o post do SM:
http://sommutante.blogspot.com.br/2014/02/musica-italiana-in-lutto-morto.html

É uma pena... Uma grande perda.

abs

Luciano disse...

É uma grande perda Javanes. Fiquei muito triste com essa notícia. Eu tinha comentado isso no post anterior aqui no blog.

Quanto ao Iluvatar tenho que escutar para falar a respeito!

Abraços.

Javanes disse...

Po Luciano, que gafe... Sorry, Bro.

Po, não vi estes últimos comentários... Sorry Luciano e Gustavo. vamos fazer o post sim. Já tá no jeito lá no Som Mutante, e no Valvulado.

Vou organizar um email, e colocar o ZM na jogada, pois ele organiza tudo!!!!

tenho uns dez albuns que listo no email...

Sorry again,,,

Javanes

Luciano disse...

Não precisa desculpar Java.

Mandem ver!

Abraços

ANC. - There Can Only Be One - disse...

Eu achei que os vocais lembram Jon Anderson, e isso me levou a outra reflexão..... Não existem mais vocais como Jon Anderson...E qualquer um que mesmo de forma não intencional, for cantar com o timbre de Jon, será comparado e relegado...

É a mesma maldição de Peter Gabriel..ninguém poderá nunca mais subir no palco fantasiado de nada...Fish com todo seu talento ainda hoje carrega esse estigma.

E acho que esse é o problema das bandas de hoje...Serão sempre bem ouvidas por nós, mas sempre com um gostinho de ressaca...

Mas com certeza precisam urgente sair do circuito underground ou alternativo...Porque o mundo hoje carece muito de beleza e arte de verdade....

ANC.

"My eyes are blind but I can see!!!"

Javanes disse...

Po, Anc... Inspiradaço hoje.
Hoje existem muitos recursos, e mesmo ao vivo, toda a parafernália eletrônica é utilizada. Isto 'maqueia' um pouco a música. Ou a faz diferente...
Talvez por isso, até entre os jovens de hoje, o som da década de 70 seja mais venerado, com um som mais puro, ou menos eletrônico. eu mesmo demorei para acostumar com os sintetizadores (lembro-me que o primeiro que vi foi o Juno 106 da Rolland) que substituiram os Hammonds...

......

Gustavo Menezes disse...

Ricardo,

Tem muita banda boa fora do eixo europeu, basta dar uma garimpada.......

Além dessa que você citou, muitoi boa, tem também o "Star Castle" onde seu vocalista Terry Lutrell tem uma voz naturalmente bem similar a de Jon Anderson e banda produz uma música com caracteristicas muito semelhantes a do Yes....

Pode ser encarada até como uma imitação, entretanto os músicos são muito bons e o produto final é muito legal....

Se não conhecer a banda de uma chegada em: http://7062khz.blogspot.com.br/2010/03/starcastle-lady-of-lake.html

Abraços meu velho,

Gustavo

Gustavo Menezes disse...

Carlão um bom exemplo disso que você disse, pode ser encontrado em um link que passei para o Ricardo, alguns comentários acima....

Trata-se do Starcastle, uma banda norte americana que tem nos vocais, Terry Lutrell com um timbre vocal similar a de Jon Anderson: http://7062khz.blogspot.com.br/2010/03/starcastle-lady-of-lake.html

E muito bom tê-lo de volta por aqui....

Abraços velhão,

Gustavo

Gustavo Menezes disse...

Java,

Basta pegar um show das antigas do Pink Floyd, com pouquíssimos recursos tecnológicos e apenas quatro músicos fazendo miséria com o que dispunham na época e peças como Atom Heart Mother, Meddle e tantas outras surgiram,....

É com isso que estamos acostumados...

Hoje em dia temos em uma unica tecla, um sinfônica inteira a disposição em qualquer sintetizador não profissional....

É isso ai velhão...

Um forte abraço,

Gustavo

Ricardo disse...

Valeu pela dica, Gustavo. Vou conferir e depois comento. Temos muitos grupos brasileiros batalhando pela boa música. Recentemente conheci o trabalho do Protofonia. Pode conferir, vão gostar. Abraços a todos

ANC. - There Can Only Be One - disse...

Eu entendo que na década de 70 todo mundo teve que aprender a tocar de novo, porque os shows ganharam uma nova dimensão...

As grandes Bandas se tornaram dinossauros não nos estúdios, mas nos palcos...Não tinha DVD, MTV , quem quisesse ver um show tinha que ir no Madison Square Garden, Cobo Hall Earls Court, Hyde Park, Q.P.R, Altamont, no Carl Jam...

Nesses lugares, o Zep, o Floyd, o Kiss, o Queen, Stones, Purple escreveram seus nomes na História do Rock....Hoje tem muita luz, muito telão, mas muita porcaria.....

ANC.

"My eyes are blind, but I can see!!"

ANC. - There Can Only Be One - disse...

....Eu conheci o Starcastle em seu blog Mano Véio!!!

Foi uma das primeiras bandas que baixei no Buteco, e você tem razão, eu acho uma pena essas bandas ficarem relegadas em um plano secundário na cena musical.

Penso que para essa nova geração que está impregnada de lixo eletrônico e abundante em pobreza musical, seria uma revitalização cultural extremamente importante para uma nova dimensão e explosão cultural, semelhante ao que ocorreu na segunda metade da década de 60.

ANC.
"My eyes are blind, but I can see!"

Luciano disse...

Brothers, tenho que conhecer o Iluvatar e mais algumas bandas neo prog postadas aqui no blog, para poder bater um papo a respeito. O Neo prog não é meu forte e só conheço o Marillion.

Passei aqui para comentar sobre os shows de prog que estão por acontecer no Brasil, e quem sabe não viram assunto aqui no boteco.

Teremos em Breve Alan Parsons Project e o grande dinossauro Focus!

Abraços

Brizola disse...

Tu não sabes o que perde. O grande mérito do Marillion é ter sido a banda mais bem sucedida do neo prog. Muitas bandas são do mesmo nível , muitas outras até melhores que a banda do Fish. O Sideshow , do Ilúvatar nem chega a ser progressivo, é mais eclético. E o Porcupine Tree, tu não conhece?
Abraço pra ti

ANC. - There Can Only Be One - disse...

Cara, hoje estava ouvindo Tales from Mystery and Imagination do Alan Parsons.....que obra prima...que pintura de disco...aí eu falo...

" Puta Que Pariu....Que fim levaram todas as flores??????????"

Link à altura da obra.....http://www.youtube.com/watch?v=nEJ0Bymeae0