No último final de semana, nos dias 10 e 11 de março, aconteceu a segunda edição do Rio Prog Festival com a presença das bandas Sub Rosa (MG); Banda Trucco (RJ), Mahtrak (SP) e a banda By the Pound (MG) que faço um destaque especial, tendo em vista que apresenta um trabalho muito bem elaborado que em meu entendimento vai muito além de simplesmente fazer um cover de uma banda famosa, no caso o Genesis.
Só pelo fato de terem escolhido esta banda, já seriam merecedores de uma nota dez, mas o mais incrível, é que eles vão muito além do que se poderia esperar por uma apresentação de uma banda cover e é muito fácil de explicar, principalmente para quem teve a honra e privilégio de estar presente a apresentação feita pelo “By the Pound” aqui no Rio.
Para quem não conhecia a banda, como eu, foi uma gratíssima surpresa ver músicos tão jovens, com um talento fora do comum e ao mesmo tempo com um senso de profissionalismo muito visível no semblante de cada um que ali estavam, tendo em vista que, momentos antes do inicio da apresentação tiveram que ligar em poucos minutos seus instrumentos aos amplificadores e mesa de som após a saída da banda Mahtrak que abriu o segundo dia do Festival.
Inteligentemente abriram o show com a música “Watcher of The Skies” que é carregada por um forte apelo emocional e talvez seja uma das mais teatrais do Genesis, executada com uma precisão cirúrgica, principalmente por conta do tecladista, André Boechat que foi perfeito em sua atuação na introdução da música, levando ao delírio a todos os presentes, pois naquele momento, de olhos fechados, para mim, era o Genesis que estava lá, dada a fidelidade da execução e do acerto no timbre do órgão.
Complementando este cenário, eis que surge o ator e vocalista, Ricardo Righi, caracterizado como Peter Gabriel fazia, com uma capa e com seu adereço de morcego na cabeça, não apenas cantando, mas literalmente interpretando e interagindo com o público, transferindo para os presentes à emoção que aquela música têm de uma maneira muito honesta, pois em momento algum, senti a intenção do vocalista em tentar imitar a voz de Peter Gabriel, pois ao contrário disto ele usou sua própria voz, que é muito boa, enfatizando a letra nos momentos certos, com um resultado final altamente positivo para a composição.
Guitarrista, baixista, baterista e flautista, apresentaram-se de forma impecável e fiel aos originais, deixando uma nítida impressão em estarem em total sintonia não só com os timbres originais, mas também com a forma da execução da música, o que naturalmente garantiu o encantamento da plateia de forma generalizada e esta foi a tônica do show para todas as músicas apresentadas pela banda, ou seja, foi uma noite inesquecível para o rock progressivo no Rio de Janeiro.
Um fato pitoresco, mas de grande relevância teatral para o show, foi a presença de uma linda jovem, Alessandra Carneiro, representando a maldosa e perversa, “Cynthia Jane de Blaise-William”, célebre personagem da música, “The Musical Box”, devidamente caracterizada, acompanhada de seu bastão de cricket ou ainda, fantasiada de raposa com seu vestido vermelho, tal qual se vê na capa de “Foxtrot”, entrando no palco entre uma musica e outra, contando a história do iriamos ouvir em seguida.
Quando fiz referencia a nota dez pela escolha da banda logo no inicio da resenha, isto para mim é um fato, não só pelo que vi e ouvi, mas principalmente pela audácia e coragem em estarem interpretando peças como, “Supper’s Ready”, “The Musical Box”; “Watcher of The Skies”; “Get Em Out by Friday”; “The Knife” e algumas outras.
Sabidamente, são músicas extremamente complexas, com arranjos altamente sofisticados, que exigem uma grande demanda de talento e virtuosismo individual de cada músico, fato este que para mim teve de sobra e que foi complementado com a caracterização feita por Ricardo Righi, que a cada música vinha com uma indumentária diferente, associada a uma performance teatral para dar vida aos personagens além da própria música.
Infelizmente, eu não disponho de um material específico desta apresentação, seja em áudio ou em vídeo, mas consegui pelo Youtube, um vídeo com a música, “Watcher of The Skies” feita em outra apresentação da banda, que pode dar a real dimensão do que assistimos aqui no “Rio Prog Festival”.
No mais, temos que ficar na torcida para que a banda “By the Pound” tenha o seu trabalho devidamente reconhecido no meio musical e que possa num futuro muito próximo, lançar um CD e/ou DVD com suas apresentações e que possam retornar o Rio de Janeiro o mais breve possível para o deleite de seus fãs, pois as portas sempre estarão abertas ao grupo.
ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!
By The Pound (corrigido por André Boechat):
Ricardo Righi (ator, vocal e percussão)André Boechat (teclados e backing vocal)
Davi Kacowicz (baixo, violão de 12 cordas, guitarra, bass pedal e backing vocal)
Yuri Lopes (guitarra solo e violão de 12 cordas)
Hique Guerra (flauta transversal)
Guilherme Lacerda (bateria, percussão, violão e backing vocal)
Alessandra Carneiro (atriz, maquiagem e figurino)
"Watcher of the Skies"
8 comentários:
Gustavo, estou pessoalmente MUITISSIMO emocionado com a resenha. Assim que tiver contato com o pessoal da banda, vou repassar para eles, mas tenho certeza que eles irão sentir o mesmo.
Com sua permissão gostaria de colocar um link desta resenha em nossa página do Facebook e do Orkut.
Só para corrigir uma pequena coisa, você utilizou um roster antigo nosso. Essa formação sofreu algumas modificações:
By The Pound hoje:
Ricardo Righi (ator, vocal e percussão)
André Boechat (teclados e backing vocal)
Davi Kacowicz (baixo, violão de 12 cordas, guitarra, bass pedal e backing vocal)
Yuri Lopes (guitarra solo e violão de 12 cordas)
Hique Guerra (flauta transversal)
Guilherme Lacerda (bateria, percussão, violão e backing vocal)
Alessandra Carneiro (atriz, maquiagem e figurino)
Mas o mais importante, muito obrigado por ter ido prestigiar!
O publico do Rio de Janeiro foi maravilhoso, por isso espero termos conseguido proporcionar uma emoção comparável a vocês à que sentimos no palco.
Grande abraço
André Boechat
André,
Eu como sou um amante do rock progressivo, não poderia ter tido outra atitude, senão, divulgar o trabalho de vocês, que é um exemplo a ser seguido......
Eu já tive duas vezes a oportunidade de assistir o Genesis, portanto, quando vi e ouvi o que apresentaram, pela terceira vez, eu me emocionei com esta música maravilhosa, pois vocês conseguiram passar toda a vibração e a emoção que as músicas do Genesis tem em seu DNA....
Sem dúvidas alguma, uma tarefa titânica, pois o enredo destas músicas é muito complexo, mas vocês com muita tranquilidade, conseguiram superar todas as dificuldades....
Graças a você, André, já fiz a correção dos membros da banda na resenha.......
Muito sucesso a todos vocês e assim que puderam voltem ao Rio de Janeiro, pois não só o "Cristo", mas toda a Cidade está de braços abertos para o "By The Pound" ...
Abraços,
Q isso! Uma resenha deliciosa de ler...
Estamos sim extremamente honrados! É ótimo ter um retorno desse, pois assina embaixo tudo que estamos fazendo, nossas intenções e nossa composição pra essa banda, ou seja, O SHOW CHEGOU NO SEU OBJETIVO!!! Fico feliz também por falar da minha interpretação sem preocupar em "ser" o Peter Gabriel. É claro que a maioria das coisas eu busco a partir dele, de suas interpretações, mas a idéia é sempre adaptar e trazer para o Brasil, para o idioma português, e porque não dizer, idioma brasileiro. O show PRECISA chegar no público, com força.
Principalmente nos quisitos teatralidade, espetáculo, e fundamental: ENERGIA. Chegar no "feeling" do Genesis e fazer um show "quente", isso sim é tarefa mais titânica do que tirar essas músicas extremamente complexas. Isso me dá a felicidade de ser muito mais do que uma "banda cover" e agora mais do que nunca, me chega a tona: NÃO SOMOS.
Estamos mais próximos de uma trupe teatral. Ok, uma trupe cheia de equipamentos analógicos, pesados e de difícil transporte, mas, uma trupe, que faz uma re-criação AUTORAL, de fato.
Muitíssimo obrigado Gustavo! Desejamos que você (e claro, todos os cariocas e quem mais queira) fique cada vez mais perto de nós!!! Grande abraço, cheio de felicidade!
Isso só uma mostra do que a música mineira tem a oferecer!
Ricardo,
Agora, que estamos teoricamente em “off”, sinto-me mais a vontade para relatar que, quando fui ao show, honestamente eu estava um pouco desconfiado e temeroso quanto ao que iria ver e escutar, uma vez que para tocar as músicas do Genesis, não basta reunir os músicos com seus instrumentos e sair tocando, é necessário muito mais que isso. Tem que ter TEATRO.
Vocês estão fazendo exatamente isso, estão fazendo TEATRO, assim como o Genesis fez na “Era Gabriel”, portanto, meu temor inicial se extinguiu no primeiro acorde de “Watcher of The Skies”, pois como disse na resenha, "de olhos fechados, era o Genesis que estava lá".
Você tem toda a razão, o “By The Pound” não é uma banda, muito menos “Cover”, é uma trupe teatral que canta e que representa e principalmente “encanta”, que e é para a mim a função básica do Teatro.
Realmente foi uma gratíssima surpresa ver e escutar a interpretação de músicas que só por sua essência são difíceis de escutar, imagine então em executá-las com uma fidelidade tão grande em relação aos originais.
Além da teatralização necessária para compor o clima “genesiano”, é fundamental também músicos de qualidade e neste quesito, o “By The Pound” superou qualquer expectativa, pois todos sem exceção, mostraram uma intimidade com os instrumentos muito grande e você Ricardo, usando simplesmente a voz que Deus lhe deu, mineiramente, deu o “pulo do gato” para o sucesso deste projeto em não tentar imitar a voz de Peter Gabriel, apenas associando as expressões faciais e trejeitos que ele usava nas apresentações.
Sem dúvida alguma, vocês estão fazendo um trabalho admirável, que precisa ser difundido na mídia escrita, falada e televisada, pois existe uma massa muito grande, ávida por cultura e espetáculos como o que vocês apresentaram.
Tenha fé que o caminho que estão traçando está absolutamente correto e em rota de colisão com o sucesso e no que depender de mim e deste humilde espaço, as portas estão abertas para o que for necessário.
Um grande abraço,
Gustavo
Betto,
Isso não é uma novidade, pois Minas, há muito tempo oferece nomes de peso para a música brasileira como Lô Borges, Beto Guedes, Milton Nascimento e tantos outros, mas agora, chegou a vez do "By The Pound" que sinceramente espero que tenha o mesmo reconhecimento do público e da crítica como outros artistas mineiros tiveram no passado.....
Acho que é só uma questão de tempo!!!
Abraços,
Gustavo
Eu tinha certeza de que vc iria gostar Gustavo! Eu sabia que essa galera era fera! Eles tem que dar um jeito e conseguir datas fixas para se apresentarem em BH. Belo Horizonte tem algumas poucas banda de Rock Progressivo atualmente - que fazem cover do Floyd e uma que fazia cover do Camel .Essa só toca em ocasião muito rara. Tinha uma do Jethro muito boa - o Avatar, mas sumiu. Tinha uma outra do Genesis, chamada Nemesis, que era muito boa, mas desapareceu também. O By The Pound é a grande promessa que surgiu em BH, para preencher esse vazio, salvando a noite do apreciador da boa música de Belo Horizonte, que tem sofrido por conta disso viu...
Luciano
Luciano,
A apresentação foi um grande acontecimento, surpreendendo a todos que lá estiveram, principalmente a mim, que não conhecia o trabalho do By The Pound e lá eu me vi no meio a uma avalanche de emoções, pois o show tem um enredo forte e é dramático.....
Houve uma sinergia muito grande entre eles e o público, justamente por terem conseguido transmitir com muita clareza, a atmosfera que permeava os shows do Genesis, com muita encenação e fidelidade sonora........
No geral, o saldo foi mais que positivos para todos, pois para o artista não há coisa melhor do que o reconhecimento e o carinho do público, e neste aspecto, a plateia foi muito generosa e por outro lado, os fãs foram premiados com uma apresentação que há muito tempo não se via.....
Grande abraço,
Gustavo
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