Quanto mais nos distanciamos da década de setenta, mais ela é presente e imprescindível para saciar nossa sede de elementos musicais de qualidade, tendo em vista que as décadas subsequentes não conseguiram produzir um material que pudesse se manter vivo por tanto tempo.
Digo isto sem pensar apenas no rock progressivo, mas no rock em geral, pois bandas como o Led Zeppelin, Deep Purple, Uriah Heep, Iron Maiden e tantas outras excelentes bandas que são escolas a serem seguidas, curiosamente por razões não muito precisas e/ou desconhecidas, não tiveram bandas seguidoras no mesmo nível artístico, capazes de desbancá-las ou mesmo a igualá-las.
O movimento Grunge surgiu no finalzinho da década de oitenta, talvez a única coisa boa daquele período no cenário internacional, firmando-se a partir dos anos noventa, fazendo um estardalhaço danado, mas agora está reduzido a praticamente nada, ou seja, “Pearl Jam”, “Red Hot Chilli Peppers” e algumas poucas bandas que não lembro o nome agora, mas sem o mesmo gás do passado, já cheirando a mofo pela inconsistência musical.
Por outro lado, curiosamente, tudo que envolve o final dos anos sessenta e propriamente dito os anos setenta, de alguma forma se mantém intacto, preservado, principalmente muito respeitado e em alguns casos mais extremos, idolatrados, inclusive por pessoas que não viveram o momento, gente muito jovem que são atraídas por uma sonoridade complexa e teatral, que para os padrões do atual cenário musical são totalmente incompatíveis, mas a rigor é oque está acontecendo.
Não posso negar que atualmente há uma expectativa em se resgatar o clima psicodélico/progressivo dos anos setenta, isto é fato, pois algumas bandas absolutamente desconhecidas para mim, como, “The Danglers”, “Quantun Sphere”; “Verbal Delirium”; “Heroine”, “Absente H”; “Agora Forte”; “Nevada Arcana”; “Intensity” e “Frost Valley”, têm seguido o meu perfil no Twitter, onde apenas divulgo o que é postado aqui no blog, inclusive me mandando links com as músicas, sendo até algumas bem interessantes, com valor agregado, numa mostra direta do que alguns jovens estão esperando do futuro da música.
Todo este “imbróglio”, apenas para tentar entender o sentido da existência de tantos blogs voltados para o rock progressivo, onde a tônica é divulgar álbuns de um passado tão longínquo, chegando a alguns casos, com mais de quarenta anos de lançados, mas com a expressividade e a jovialidade de um novo álbum e o porquê de cada vez mais o numero de adeptos desta modalidade musical cresce, mais isso é um tema muito complexo e merecedor de uma pesquisa mais profunda, portanto vamos ao que realmente interessa.
Se há uma banda muito querida de todos, esta é sem dúvidas o Camel, que é um grande representante, que o cenário progressivo da década de setenta teve e para tanto, trago o álbum, “Golders Green”, gravado em outubro de 1977 no Hippodrome em Londres, com sua formação praticamente intacta, apenas acusando a saída de Doug Ferguson e a entrada de Richard Sinclair.
O Camel não necessita de muitas apresentações ou mesmo explicações de como atua, uma vez que, é de conhecimento geral o seu “modus operandi” nos estúdios e nos palcos, mas cabe resaltar a importância da banda no contexto internacional, por apresentar um trabalho muito bem elaborado e muito generoso para quem o aprecia.
Acredito que o Camel, tenha sido a banda que conseguiu apresentar o rock progressivo de uma maneira mais simplificada, mas, contudo, sem comprometer os seus diversos dogmas e principalmente por não ter banalizado o estilo ou mesmo sem ter criado um subgrupo dentro do movimento.
Este álbum faz um rápido passeio pela trajetória da banda, com exceção do legendário emblemático álbum, “Mirage”, obviamente focando as atenções para divulgar o álbum “Rain Dances”, que por sinal é mais uma excelente cria da banda.
A dupla Bardens/Latimer é no mínimo sensacional e este álbum prova isto com a maior facilidade, portanto por esta dupla e pelo conteúdo deste álbum, não resta alternativa senão recomendá-lo muito a todos que realmente gostem de uma música diferenciada.
ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!
Band:
Richard Sinclair: Bass, Vocals
Andy Ward: Drums, Percussion
Andy Latimer: Guitar, Flute, Vocals
Peter Bardens: Keyboards
Mel Collins: Saxophone, Flute
Tracks:
01. First Flight
02. Metrognome
03. Unevensongs
04. The Snow Goose
05. Highway of the Sun
06. Lunar Sea
07. Never Let Go
08. One of these Days I'll Get an Early Night
LINK
"Highway of the Sun"
"One of these Days I'll Get an Early Night"
"Never Let Go"
6 comentários:
Excelente, concordo contigo!
Abs
Luiz - RJ
Meu Caro Gustavo
Não dá para comparar as bandas dos anos dourados com o que existe na cena musical de hoje. Eu conheci o Camel em 1993 por meio da coletânea Echoes ( alatmente recomendada ) e de cara me apaixonei por Lunar Sea.
Gosto de bandas que constroem um som meio que espacial e que proporcionam a que as ouvem verdadeiras viagens sonoras, e neste caso, o Alan Parsons, Camel e o Eloy são as melhores referências...
No entanto, já é possível perceber, que os álbuns postados neste blog, cada vez mais estão se transformando em preciosíssimos gaps, para discussões extremamente importantes sobre essa grande crise cultural que estamos vivendo desde a década de 80.
Na década de 70 era extremamente difícil escolher quem eram os melhores, pois em todos os estilos e segmentos só haviam os melhores...
Estes dias, fuçando meu acervo ví uma apresentação do KC and Sunshine Band...Um exército de músicos, backing vocals, brancos, negros, metais, guitarra cheia de swing e o carisma de K.C...Em que lugar do mundo hoje se vê uma banda como essa emplacando tantos hits???
Atualmente temos que garimpar com paciência aquilo que merece ser ouvido pelos nossos exigentes ouvidos.
Eu afirmo meu grande amigo sem medo de errar...Até o brega da década de 70 era melhor do que o brega de hoje
E Viva o Mestre "Odair José"...
ABRAÇO...FORÇA...SUCESSO!
Carlos "The Ancient"
Amigos, concordo com vocês. A década de setenta musicalmente é insuperável até para os que não viveram a mesma ou eram crianças, como eu. Acredito que nunca mais existirá bandas com um gosto musical como um Steely Dan só para citar um exemplo. Pode parecer saudosismo, existem os "antenados" críticos musicais que dizem que pensar assim é sinal de desconhecimento e alienação, mas para mim é sinal de aceitação de que o passado da música já foi criado.Abçs
Luciano
Corrigindo e explicando se maneira simples. Divido a idéia com vocÊs de que o Rock já foi criado e não será mais reinventado.Ab
Luciano
Amigos,
Luiz, Carlão e Luciano,
Antes de qualquer coisa, muito obrigado por estarem doando tanto tempo comigo aqui no blog e dividindo suas experiências com todos......
Tudo o que foi dito aquí, é a mais pura confirmação do que está acontecendo com a musica no mundo, ou seja, cada vez mais, vamos nos apoiar na velha e boa década de setenta que ainda possui um farto e vasto material a ser explorado e divulgado para que as próximas gerações entendam que a música de verdade não é descartável.....
Alquém ainda lembra da "na boquinha da garrafa"?????
A próxima postagem está inspirada em tudo o que foi dito por vocês..... valeu, obrigado.
Abraços à todos,
Gustavo
Todos los links de Camel están caídos. ¿Será posible que puedas subirlos otra vez? Muchas gracias!!
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