domingo, outubro 27, 2013

RICK WAKEMAN - “Live at BBC” - 1976

Para exorcizar definitivamente deste blog os últimos e nefastos acontecimentos, nada melhor do que o viajar para bem longe, porém, sem sair do lugar e para tanto eu evoquei o Mestre dos teclados e agora também meu exorcista, Rick Wakeman, com um bootleg, intitulado “Live At BBC” com gravações entre abril e junho de 1976, no Hammersmith Odeon e no Maltingsin Farnham

Nosso Mestre dispensa qualquer tipo de apresentações por razões óbvias, entretanto, é sempre muito gratificante, lembrar os seus feitos, que não são poucos, levando-se em uns de cento e cinco álbuns de estúdio se é que contei certo, doze compilações, quinze singles, vinte e quatro vídeos e DVDs, um número bem expressivo de bootlegs, fora sua discografia junto ao Yes, The Strawbs e as diversas participações que teve com grandes nomes da música como, Ozzy Osbourne, Brian May, Elton John, Black Sabbath, David Bowie, Lou Reed (falecido em 27/10/2013), Alice Cooper e ate um inusitado encontro dele com Jon Lord em 2011, um fato tão raro e especial, como o alinhamento dos planetas com o Sol, dado a magnitude destas duas grandes figuras e estrelas da música. 

Eu considero até questionável, se com uma discografia tão extensa, é possível ou não para um artista manter o mesmo padrão de criatividade musical, pois haja inspiração para tantos álbuns, o que no caso de Rick Wakeman, levando-se em consideração apenas a sua discografia pessoal que começou em 1971, daria ao longo destes quarenta e dois anos, uma média geral de dois a três álbuns por ano, o que é muito, se considerarmos toda a produção que é envolvida para se materializar um álbum e lançá-lo ao mercado. 

Lembro ainda que além de sua carreira solo a qual sempre deu muito valor, suas várias entradas e saídas do Yes, bem como sua participação junto às bandas e a outros artistas, o obrigavam a uma série de compromissos entre as fazes de estúdio e os shows propriamente ditos, portanto, para se ter um material com qualidade é preciso muita competência, apesar de que neste requisito, Rick Wakeman o tenha de sobra e seu talento musical, vai muito além da nossa imaginação. 

Eu estou conjecturando a respeito deste assunto, pois é quase impossível conhecer ou pelo menos ter escutado uma única vez todos os álbuns de estúdio que ele produziu, pois mesmo eu que achava que tinha muitos, não passo de quarenta e cinco álbuns oficiais, fora os bootlegs que também não são poucos. 

Entretanto eu não posso me qualificar a responder este questionamento com um grau de confiabilidade aceitável, uma vez que eu conheço apenas, menos da metade da obra de Rick Wakeman, todavia, o que eu posso afirmar é que dos álbuns que eu possuo e conheço, a grande maioria me agrada muito. 

Rick Wakeman desde muito cedo, ganhou notoriedade, reconhecimento e prestígio, por ter sempre feito um trabalho original, sério, com uma carga de dedicação muito grande, o que o exime de qualquer possibilidade de ter produzido álbuns caça-níqueis, pois dinheiro nunca foi um grande problema para ele. 

O bootleg, “Live At BBC”, que cobre a turnê do álbum, “No Earthly Connection”, foi o pretexto para se chegar até Rick Wakeman e poder tecer alguns comentários sobre este artista que é muito querido no meio artístico, por ser extremamente bem humorado, um grande gozador e principalmente um amigo para qualquer eventualidade, sendo sempre muito bem recebido por onde passa e quanto a seus fãs, o sentimento é o mesmo, pois ele realmente é muito querido por todos. 

Rick Wakeman é uma figura iluminada não só por suas características pessoais como um homem comum, mas também por conta de sua sensibilidade, criatividade, talento e por sua destreza ao manusear seus incontáveis teclados, que estão sempre a seu dispor para encantar sua plateia. 

O álbum “No Earthly Connection” foi um dos seus últimos trabalhos conceituais produzidos na década de setenta e por conta disto, carrega em seu DNA, conceitos e fundamentos musicais que em um futuro próximo iriam ser substituídos por uma nova ordem musical e de certo modo isto pode ser sutilmente percebido nos álbuns seguintes, “White Rock” e “Criminal Record”, sendo o primeiro uma trilha sonora de um documentário sobre jogos de inverno e o segundo, uma referência a fatos e pessoas do mundo do crime, mas é exatamente em “No Earthly Connection”, que eu tenho o sentimento do fim de uma era que jamais será esquecida.

ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!

Musicians
Rick Wakeman / keyboards
Ashley Holt / vocals
John Dunsterville / guitar
Martyn Shields / trumpet
Reg Brooks / trombone
Tony Fernandez / drums

Tracks:
Disc One:

1. Music Reincarnate-Part III, The Spaceman
2. Catherine Howard
3. Sir Lancelot And The Black Knight
4. Arthur
5. Music Reincanate-Part IV, The Realisation
6. The Forest
7. Catherine Parr
8. Prisoner, The
9. Merlin The Magician
Disc Two:
1. Recollection
2. Music Reincanate-Part IV, The Realisation
3. Sir Lancelot And The Black Knight
4. Music Reincarnate-Part III, The Spaceman
5. Catherine Parr
6. The Prisoner
7. Merlin The Magician



terça-feira, outubro 08, 2013

MARILLION - "German Script"- 1983

O ano de 1983 foi fundamental para o Marillion, pois foi o ano de lançamento de seu primeiro álbum, “Script For A Jester Tear” e foi também o ano que apareceram na televisão pela primeira vez, entretanto, não decolaram com céu de brigadeiro e tiveram que driblar alguns problemas de percurso.

Estavam com problemas em manter na banda, Mick Pointer, seu primeiro baterista, que a princípio foi substituído por Andy Ward (Camel), depois por John Martyr e depois por Jonathan Mover, que está presente neste bootleg, “German Script”, o que para mim foi uma surpresa, tendo em vista que em minha ignorância, eu imaginava a substituição direta por Ian Mosley e não essa "Via Crucis" passada pela banda.

O Marillion como banda, tem uma história de vida interessante, pois inicialmente eram vistos apenas como pobres clones do que havia sido o Genesis, principalmente na “Era Gabriel”por razões óbvias, entretanto, em muito pouco tempo, além de representarem o resgate de uma época que havia sido engolida pela mediocridade musical que assolou fortemente a primeira metade dos anos oitenta, eram vistos por seus fãs como um importante pilar do rock progressivo, que contra tudo e contra todos, impunha a sua marca em momento totalmente contraditório.

O fato é que o Marillion, logo em seguida, lançaria seu segundo álbum, “Fugazi” no início de 1984, tão grandioso quanto o primeiro, mais parecendo uma continuação, pois os temas em cada música continuavam tão ou mais dramáticos do que no primeiro álbum.

A música “Assassing“, que prematuramente está presente neste bootleg, segundo uma entrevista dada por Fish naquela época, sua letra com versos bem desagradáveis, contava a história da demissão de Mick Pointer do grupo por Fish, o “Assassing” desta triste história, mas, no entanto, a motivação de Fish e de certa forma do restante do grupo, era a baixa performance nas apresentações.

A rigor, quando li sobre esta entrevista, fiquei curioso e fui dar uma espiada na letra de “Assassing”, mas confesso que como ela está escrita em versos de linguagem figurada, fica um tanto difícil encontrar uma ligação direta com o fato gerado, dependendo então de uma boa dose de imaginação de nossa parte para fazer esta associação, mas o que importa é que inegavelmente, esta é uma das mais instigantes composições da banda. 

Fazer um concerto no “Hammersmith Odeon” em Londres, além de uma honra para qualquer banda e um fortíssimo indício que a popularidade pode tomar rumos estratosféricos em direção ao Olimpo da Música e por conta disto padrões de qualidade nestes eventos era uma obrigação e como estavam “bombando” em todas as apresentações que por lá faziam, não estava nos planos da banda correr riscos desnecessários.

O bootleg, “German Script”, além de todas as músicas do álbum, “Script For A Jester Tear”, trouxe também algumas “pérolas” que por conta das limitações da mídia da época, os LP’s, ficaram de fora do álbum de estúdio músicas como, The Boats Down From the Candy; Market Square Heroes; Charting the Single além já citada “Assassing” que ainda iria ser parte integrante do álbum “Fugazi”.

Apresentações públicas para o Marillion, nunca foi um problema, pois Fish além de sua intrigante voz, tinha uma postura de palco invejável e se para alguns ele imitava as performances de Peter Gabriel, tanto melhor, pois soube escolher a fonte de inspiração perfeita, demonstrando que tinha bom gosto e coragem em fazê-lo.

Por outro lado, independente do entra e sai de bateristas, guitarras, baixo e teclados que até hoje são uma referência em talento e performances sempre foram muito acima da média, então, como diria João Luiz Woerdenbag Filho, o “Lobão”, a “cozinha” era perfeita, portanto, “German Script” é um excelente convite para lembrar o início da carreira do maior ícone da segunda geração do rock progressivo. 

PS: Falando em Lobão, quem ainda não leu o seu livro, “50 Anos a Mil”, Editora Nova Fronteira, faça-o, pois uma interessantíssima história de vida e luta pela música no Brasil é narrada de forma divertida e irreverente e com certeza sua opinião sobre este polêmico músico vai mudar.

ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!

MARILLION
Fish Vocals
Steve Rothery Guitar
Peter Trewavas –Bass
Mark Kelly –Keyboards
Jonathan Mover –Drums 

Tracks:
01. He Knows You Know
02. Garden Party 
03. Script for a Jester's Tear 
04. Three Boats Down From the Candy 
05. Assassing 
06. Chelsea Monday 
07. Forgotten Sons 
08. Market Square Heroes 
09. Charting the Single

LINK

quarta-feira, outubro 02, 2013

MIKE OLDFIELD - "Crises - 30th Anniversary Edition" - 2013

Em julho de 2010, eu já havia postado o álbum “Crises” de 1983 e agora que ele está completando trinta anos de lançamento, nada mais justo do que reverenciá-lo novamente, pois se trata de uma das diversas obras de arte produzidas pelo multi-instrumentista, Mike Oldfield.

Nesta edição comemorativa dos trinta anos, além de uma nova mixagem, versões acústicas, versões remix e  uma gravação feita em julho de 1983, nunca publicada no "Wembley Arena" foram agregadas neste cd, agora duplo e complementado com um belíssimo encarte muito bem ilustrado, ou seja, o que já era muito bom no passado, ficou ainda muito melhor agora.

Na primeira resenha que fiz em 2010 eu comentava o seguinte:

O multi-instrumentista Mike Oldfield, super astro da cena progressiva, corajosamente em 1983 nos presenteia com o álbum "Crises" ainda no formato dos antigos vinis (LP) com uma suíte que ocupava um lado inteiro do disco com pouco mais de vinte minutos, o que para os amantes do gênero era o máximo.

Quando disse "corajosamente", não foi ironia, pois se levarmos em conta que a época não era mais favorável a este tipo de extravagância com músicas de longa duração e etc. e tal, entretanto, Mike Oldfield simplesmente ignorou as tendências que se instalavam naquela década (mas isso é para quem pode).

As rádios FM's e principalmente as gravadoras começavam a ditar regras absurdas que influenciavam diretamente o poder de criação dos compositores em detrimento de questões puramente mercantilistas e comerciais, descaracterizando por completo a essência e a forma de compor e tocar de várias bandas e artistas isolados que em muitos casos sucumbiram a estas doutrinas terminando suas carreiras em um completo ostracismo.

O mais importante é que Mike Oldfield com seu talento emplacou mais um super álbum, extremamente conceituado pelo público e pela crítica, que mais uma vez, tiveram que se curvar e aplaudir de pé, a mais uma pérola musical deste gênio.

Mas não foi por menos, pois ele contou com a presença de músicos ilustres como Simon Philips, Antohony Philips, Jon Anderson, Roger Chapman e outros para abrilhantar ainda mais a belíssima produção deste álbum. 

A faixa título "Crises" é absolutamente fantástica com seus vinte e poucos minutos de duração, lembrando em algumas passagens instrumentais o legendário álbum "Tubular Bells", que foi produzido 10 anos antes deste, mas sempre soando como música atual.

As demais músicas que complementam este álbum são belíssimas e estão recheadas de músicos convidados que se encaixaram perfeitamente ao estilo eclético de compor e produzir de Mike Oldfield, dando até a impressão que foram feitas sob medida, principalmente em "Moonlight Shadow", "In High Places" e "Shadow on the Wall", o que de forma alguma tira o brilho deste magnífico álbum.

Agora, três anos depois, eu não mudo uma linha sequer do que já havia dito e mais uma vez, sem qualquer alternativa, recomendo a audição desta obra de arte da música, fruto do gênio inventivo de um dos maiores multi-instrumentista de todos os tempos, senão o maior, Mike Oldfield.

ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!

Musicians:
Mike Oldfield / guitars, basses, drums, percussion, harp, bells, keyboards, synths, mandoline, shaker, banjo, tambourine, vocals 
Jon Anderson / vocals (3)
Roger Chapman / vocals (6)
Rick Fenn / guitar (1)
Pierre Moerlen / vibraphone (3)
Anthony Phillips / guitars (1-6)
Simon Phillips / drums, percussion
Maggie Reilly / vocals (2-4)
Phil Spalding / bass (1-2)


CRISES:
CD 01 - The original album remastered:
1. Crises
2. Moonlight Shadow
3. In High Places
4. Foreign Affair
5. Taurus 3
6. Shadow on the Wall
Bonus tracks:
7. Moonlight Shadow (unplugged mix)
8. Shadow on the Wall (unplugged mix)
Mixed by Mike Oldfield in May 2013 – Previously unreleased
9. Mistake
A-side of single – Released in August 1982
Also featured on the American release of “Crises”
10. Crime of Passion (extended version)
11. Jungle Gardenia
A & B-sides of single – Released in January 1984
12. Moonlight Shadow (12-inch single version)
A-side of 12 inch single - Released in May 1983
13. Shadow on the Wall (12-inch single version)
A-side of 12 inch single – Released in September 1983

“Crises” – The album
Recorded between November 1982 and April 1983 in Denham, England
Produced by Mike Oldfield and Simon Phillips
Engineered by Nigel Luby
Cover painting by Terry Ilott


CD 02 - Live at Wembley Arena 1983 Crises Tour (previously unreleased)
1. Taurus I
2. Taurus II
3. Crises
4. Moonlight Shadow
5. Shadow on the Wall
6. Family Man

Recorded at Wembley Arena, London on 22nd July 1983 by The Manor Mobile Unit
“Taurus I”, “Crises” and “Family Man” mixed at The Manor Studio, Oxfordshire in August 1983 - Edited by Ben Wiseman and Mark Powell at The Audio Archiving Company, London in May 2013
“Taurus II”, “Moonlight Shadow” and “Shadow on the Wall” mixed by Ben Wiseman and Mark Powell at The Audio Archiving Company, London in May 2013